domingo, 24 de março de 2013

"Sei, Senhor, que me tens procurado. Que tens perguntado por mim, pela minha disponibilidade. Confesso-te que tenho resistido, fugido. Não me leves a mal, mas é que não me sentia com forças, capaz de empreender tamanha tarefa. Bem compreendes que... não é fácil! Entregar-me desse jeito e dessa forma era muito complicado para mim. Impossível! De cada vez que pensava em tal, tremiam-me as pernas. Sentia-me titubear e acabava sempre por me esconder e evitar encontrar-me contigo. Tantos rumos bem mais aliciantes na minha idade despertavam a minha cobiça, porque eram mais fáceis, mais “loucos”, tinham mais a ver comigo.
Tantas e tantas vezes perguntei a mim mesmo: porque me procuras? Porque insistes? Quem sou para agires assim comigo? Porquê e para que me chamas? Será que não me conheces? Digo-te: nunca encontrei resposta! Por isso, continuei a conduzir o meu barco por onde sempre o conduzi, procurando sempre evitar--te, claro, escondendo-me de ti e da tua palavra. Resultado?! Sempre o mesmo! O meu barquito continuou à deriva, ao sabor do vento e das correntes, impelido pelas ondas desses que estão connosco só de farsa, por interesse. Empreguei amor, inteligência e dedicação e consegui encontrar... nada! Nada e mais nada!
Mas, como diz o velho ditado, “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, parece que conseguis--te. Tu tens-me chamado vezes sem conta. Continuas a insistir e a “bater” tentando tocar-me e cativar-me apesar das minhas fugas. Não tens desistido de me procurar. Isso fez-me voltar a pensar no porquê e no para quê dos teus pedidos e, finalmente, senti que me dizias: “deixa esse teu barco tão frágil e pequeno e vem habitar este meu, forte e seguro. Nele encontrarás paz, amor, tranquilidade e vida.” É por isso que neste momento me dirijo a Ti, Senhor. Descobri não só o que querias de mim, mas também descobri que só em Ti conseguirei encontrar aquilo que eu quero e busco. Desculpa a minha intransigência e casmurrice. Perdoa a minha fuga e os meus medos. Toma-me, pois, afinal, também eu tenho andado à tua procura. Agora já não quero perder mais tempo, mais vida. Enche-me do teu amor, da tua verdade, do teu perdão, da tua ciência e pede-me o que entenderes. Quero estar disponível para Ti, ou melhor, para os outros. Sei que é essa a minha missão, o meu “trabalho”. Tantos há como eu que precisam de te conhecer e perceber melhor. E sei que muito posso fazer a esse respeito. Agora, e desculpa a demora, Senhor, quero dizer-te com todas as minhas forças: “Podes confiar em mim! Estou disposto a tudo para lutar e me entregar a Ti! Tu e eu seremos imbatíveis, Senhor. Nada nos poderá deter. Vamos e lancemo-nos à procura dos muitos outros que vagueiam e navegam à deriva ansiando por descobrir esse teu porto de paz, perdão, bondade e amor!”

Por: Padre Francisco Couto

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